O mês de Agosto, a Igreja dedica às vocações. Hoje tenho a alegria de partilhar a minha vocação, principalmente as motivações que me levaram a optar pela vocação leiga consagrada, denominada também, no meio salesiano, como Coadjutor. Vale ressaltar, que em alguns lugares do mundo inclusive no Brasil, também somos conhecidos como Irmãos.
Toda vocação é uma provocação de Deus. Na minha paróquia de origem que é diocesana, a paróquia de São Silvestre na cidade de Jacareí-SP eu sentia essa provocação, mas a deixei de lado para poder estudar e trabalhar. Afinal, estas experiências de trabalhar e estudar que eu fiz é que me ajudaram muito a amadurecer o discernimento vocacional. Nessa experiência no campo profissional e escolar, em geral, tanto no Ensino Médio quanto no Técnico, fui percebendo como a educação era e é importante na vida dos jovens, principalmente, quando esta é pautada em valores humanos. Então, algo ficou no meu coração? Para que fui por Deus chamado? Qual é a minha vocação?
Na semana missionária do ano de 2010, em preparação da ordenação do Padre Paulo Prófilo, salesiano de Dom Bosco, momento que ocorreu na minha comunidade de origem, recebi uma visita que foi como uma benção na minha casa. Essa visita foi feita hoje pelo estudante de teologias S. Emerson e um grupo de vocacionados. Eu estava dormindo, mas o barulho no quarto da avó me acordou; eu fui ver o que estava acontecido e, por isso, acabei participando, e com esta visita eu recebi um convite para ser salesiano. A princípio não levei a sério, mas quando eu vi os salesianos com os jovens evangelizando e educando-os, o meu coração pulsou mais forte. Desta forma, pedi para ser acompanhado vocacionalmente, até que entrei, em 2012, no aspirantado em Pindamonhangaba.
No início, eu tinha a pretensão de ser padre, pois era a única vocação que conhecia até então, mas na minha primeira semana missionária eu tive o primeiro contato com a vocação leiga consagrada salesiana e aquilo ficou profundamente marcado em meu coração. Comecei a fazer um profundo discernimento da vocação leiga ou presbiteral salesiana, com qual eu iria responder com mais liberdade e fielmente o chamado de Deus.
Tanto as duas vocações são um chamado de Deus e suas respostas têm que ser por amor e somente pelo amor ao chamado feito por um Deus tão amoroso. Mas o termo coadjutor pode trazer uma pequena confusão, por causa da sua etimologia. Artur Lenti, ele é um salesiano padre que fez um estudo da vida de Dom Bosco e a origem da Sociedade de São Francisco de Sales e como seriam os membros dessa sociedade.
Designar o salesiano leigo como coadjutor era um costume estabelecido nas constituições e, também na linguagem salesiana em geral, tanto escrita como oral. O que o termo representa precisamente? Por razões linguísticas ou etimológicas, o prefixo “co-“provavelmente não deveria ser tomado de modo estrito, pois Dom Bosco utiliza nas Constituições também a simples forma ajudante para a mesma realidade. Sua forma composta, porém, levou a argumentar que o termo refere-se a um co-ajudante, ou seja, aquele que ajuda com o grupo de clérigos da Sociedade, em igualdade de condições e, deve-se presumir, na obra salesiana. Nesse sentido, também os padres são co-ajudantes. Por isso, parece que a coparticipação em pé de igualdade na vocação salesiana e no apostolado, sendo real como é, deve basear-se em motivos distintos dos etimológicos. (LENTI, v2, 2013, p.754)
Muitas vezes na vocação do Irmão sou questionado o porquê de ser padre ou qual é a diferença das duas vocações? Não escolhi ser padre, pois não me sentia chamado a abraçar essa vocação, sentia o chamado a consagrar a minha vida a Deus em favor da Juventude como salesiano coadjutor e junto com a minha formação intelectual trabalhar em prol da sociedade salesiana, eu tenho a pretensão de fazer assistente social ou administração pública.
Tendo essa busca de entender mais a vocação de irmão. Eu cheguei no noviciado convicto que queria professar como irmão salesiano. Portanto, o noviciado aprofundei mais ainda essa resposta e o que mais me cativou a escolher essa vocação, foi a simplicidade e o trabalho que vários coadjutores fizeram e fazem ainda nos dias de hoje. Estar no meio dos jovens testemunhando com a vida e trabalho o amor e seguimento a Cristo do jeito de Dom Bosco.
Não existe diferença na vocação, pois o padre ou coadjutor são salesianos, o padre é ordenado e o coadjutor não, mas os dois são chamados a serem pastores dos jovens, sendo testemunhas do amor de Deus. A visibilidade da vocação é simples: o padre é visível no trabalho juntamente com as celebrações dos sacramentos e o coadjutor é visível no testemunho do evangelho juntamente com o trabalho desenvolvido nas ações pastorais.
Esse trabalho mais especifico que o irmão exerce, ajudou-me muita na minha escolha com consciência e liberdade e também uma frase de Dom Bosco, que dizia: ‘’ que o irmão pode chegar a onde muitas vezes o padre não consegue’’. Esse ir além ao encontro dos jovens no mundo do trabalho, na educação e na sua fé com a formação integral. Por isso, a vocação do irmão é querida por Dom Bosco e muito importante para um bom andamento da Sociedade de São Francisco de Sales (Salesianos de Dom Bosco).