Na manhã de ontem, domingo, 15/05/22,  após a Santa Missa ocorreu no Oratório São Luiz, a Formação Litúrgica para Leitores e Ministros Extraordinárias da Sagrada Eucaristia, tendo como formadores os salesianos José e Guilherme e como temas: “Ano Litúrgico, Acolhida e Encontro, Posturas e vênias, Sentido de ser ministro e leitor.”

Fotos por Maria Fernanda, Guilherme e Júnior:

ANO LITÚRGICO

Chama-se Ano Litúrgico o tempo em que a Igreja celebra todos os feitos salvíficos operados por Deus em Jesus Cristo. “Através do ciclo anual, a Igreja comemora o mistério de Cristo, desde a Encarnação ao dia de Pentecostes e à espera da vinda do Senhor” (NUALC nº 43 e SC nº 102). Ano Litúrgico e, pois, um tempo repleto de sentido e de simbolismo religioso, de essência pascal, marcando, de maneira solene, o ingresso definitivo de Deus na história humana. É o momento de Deus no tempo, o “kairós” divino na realidade do mundo criado. Tempo, pois aqui entendido como tempo favorável. “tempo de graça e de salvação”, como nos revela o pensamento biblico (Cf. 2Cor 6,2; Is 49,8a). As celebrações do Ano Liturgico não olham apenas para o passado, comemorando-o. Olham também para o futuro, na perspectiva do etemo, e fazem do passado e do futuro um eterno presente, o “hoje” de Deus, pela sacramentabilidade da liturgia (Cf. SI 2,7: 94(95); Lc 4.21; 23.43). Aqui, enfatiza-se então a dimensão escatológica do Ano Litúrgico. O Ano Litúrgico tem como coração o Mistério Pascal de Cristo, centro vital de todo o seu organismo. Nele palpitam as pulsações do coração de Cristo, enchendo da vitalidade de Deus o corpo da Igreja e a vida dos cristãos.

Quando se inicia o Ano Litúrgico?

Diferente do ano civil, mas, como foi dito, não contrário a ele. O Ano Litúrgico não tem data fixa de início e de término. Sempre se inicia no primeiro Domingo do Advento, encerrando-se no sábado da 34ª semana do Tempo Comum, antes das vésperas do domingo, após a Solenidade de Cristo Rei do Universo. Esta última solenidade do Ano Litúrgico marca e simboliza a realeza absoluta de Cristo no fim dos tempos. Daí, sua celebração no fim do Ano Litúrgico, lembrando, porém, que a principal celebração litúrgica da realeza de Cristo se dá sobretudo no Domingo da Paixão e de Ramos. Mesmo sem uma data fixa de início qualquer pessoa pode saber quando vai ter início o Ano Litúrgico, pois ele se inicia sempre no domingo mais próximo de 30 de novembro. Na prática, o domingo que cai entre os dias 27 de novembro e 3 de dezembro. A data de 30 de novembro é colocada também como referencial, porque nela a Igreja celebra a festa de Santo André, apóstolo irmão de São Pedro, e Santo André foi ao que tudo indica, um dos primeiros discípulos a seguir Cristo (Cf. Jo 1.40).

Ano Litúrgico e Dinâmica da Salvação

Tendo como centro o Mistério Pascal de Cristo, todo o Ano Litúrgico é dinamismo de salvação, onde a redenção operada por Deus, através de Jesus Cristo, no Espirito Santo, deve ser viva realidade em nossas vidas, pois o Ano Litúrgico nos propicia uma experiência mais viva do amor de Deus, enquanto nos mergulha no mistério de Cristo e de seu amor sem limites.

O Domingo, Fundamento do Ano Litúrgico

O Concilio Vaticano II (SC nº 6), fiel à tradição cristã e apostólica, afirma que o domingo. “Dia do Senhor” é o fundamento do Ano Litúrgico, pois nele a Igreja celebra o mistério central de nossa fé, na páscoa semanal que, devido a tradição apostólica, se celebra a cada oitavo dia. O domingo é justamente o primeiro dia da semana, dia da ressurreição do Senhor, que nos lembra o primeiro dia da criação, no qual Deus criou a luz (Cf. Gn 1.3-5). Aqui, o Cristo ressuscitado aparece então como a verdadeira luz, dos homens e das nações. Todo o Novo Testamento está impregnado dessa verdade substancial, quando enfatiza a ressurreição no primeiro dia da semana (Cf. Mt 28.1: Mc 16,2; Lc 24,1; Jo 20.1: como também At 20.7 e Ap 1.10). Como o Tríduo Pascal da Morte e Ressurreição do Senhor derrama para todo o Ano Litúrgico a eficácia redentora de Cristo, assim também, igualmente, o domingo derrama para toda a semana a mesma vitalidade do Cristo Ressuscitado. O domingo é, na tradição da Igreja, na prática cristã e na liturgia, o “dia que o Senhor fez para nós” (CF. SI 117(118),24) dia, pois, da jubilosa alegria pascal.

As divisões do Ano Litúrgico

Os mistérios sublimes de nossa fé, como vimos, são celebrados no Ano Litúrgico, e este se divide em dois grandes ciclos: o ciclo do Natal, em que se celebra o mistério da Encarnação do Filho de Deus, e o ciclo da Páscoa, em que celebramos o mistério da Paixão. Morte e Ressurreição do Senhor, como também sua ascensão ao céu e a vinda do Espírito Santo sobre a Igreja, na solenidade de Pentecostes. O ciclo do Natal se inicia no primeiro domingo do Advento e se encerra na Festa do Batismo do Senhor, tendo seu centro, isto é. sua culminância, na solenidade do Natal. Já o ciclo da Páscoa tem início na Quarta-Feira de Cinzas, início também da Quaresma, tendo o seu centro no Tríduo Pascal encerrando-se no Domingo de Pentecostes. A solenidade de Pentecostes e o coroamento de todo o ciclo da Páscoa. Entremeando os dois ciclos do Ano Litúrgico, encontra-se um longo período, chamado “Tempo Comum”. É o tempo verde da vida litúrgica. Após o Natal, exprime a floração das alegrias natalinas, aí aparecendo o início da vida pública de Jesus, com suas primeiras pregações. Após o ciclo da Páscoa, este tempo verde anuncia vivamente a floração das alegrias pascais. Os dois ciclos litúrgicos, com suas duas irradiações vivas do Tempo Comum, são como que as quatro estações do Ano Litúrgico.

As cores do Ano Litúrgico

Como a liturgia é ação simbólica, também as cores nela exercem um papel de vital importância, respeitada a cultura de nosso povo, costumes e a tradição. Assim, é conveniente que se dê aqui a cor dos tempos litúrgicos e das festas. A cor diz respeito aos paramentos do celebrante, à toalha do altar e do ambão e a outros símbolos litúrgicos da celebração. Pode-se, pois, assim descrevê-la:

Roxo: Usa-se: No Advento, na Quaresma, na Semana Santa (até Quinta-Feira Santa de manhã) e na celebração de Finados, como também nas exéquias.

Branco: Usa-se: Na solenidade do Natal, no Tempo do Natal, na Quinta-Feira Santa, na Vigília Pascal do Sábado Santo, nas festas do Senhor e na celebração dos santos. Também no Tempo Pascal é predominante a cor branca.

Vermelho: Usa-se: No Domingo da Paixão e de Ramos, na Sexta- Feira da Paixão, no Domingo de Pentecostes e na celebração dos mártires, apóstolos e evangelistas.

Rosa: É usado no terceiro Domingo do Advento (chamado “Gaudete”) e no quarto Domingo da Quaresma chamado “Laetare”). Esses dois domingos são classificados, na liturgia. de “domingos da alegria” por causa do tom jubiloso de seus textos.

Preto: Pode-se usar na celebração de Finados

Verde: Usa-se em todo o Tempo Comum, exceto nas festas do Senhor nele celebradas, quando a cor litúrgica é o branco.

Como se vê neste gráfico acima, o Ano Litúrgico se divide em dois grandes ciclos: Natal e Páscoa. Entre eles situa-se o Tempo Comum, não os separando, mas os unindo, na unidade pascal e litúrgica. Em cada ciclo há três momentos, de grande importância para a compreensão mais exata da liturgia. São eles: um, de preparação para a festa principal: outro, de celebração solene, constituindo assim o seu centro e outro ainda, de prolongamento da festa celebrada. No centro do Ano Litúrgico encontra-se Cristo, no seu Mistério Pascal (Paixão. Morte e Ressurreição). É o memorial do Senhor, que celebramos na Eucaristia. O Mistério Pascal é, portanto, o coração do Ano Litúrgico, isto é, o seu centro vital. O círculo é um símbolo expressivo da eternidade e o Mistério Pascal de Cristo, no seu centro, constitui o eixo fundamental sobre o qual gira toda a liturgia.

ACOLHIDA E ENCONTRO

O cristianismo tem desde sua origem uma tradição de acolhida, todos eram bem-vindos: pobres, ricos, escravos, senhores, homens e mulheres, não havia exceção. Hoje podemos perceber várias formas de exclusão, quantas destas podemos enumerar?

Diante de tantas formas de exclusão de discriminação, marginalização, intolerância, qual nosso papel de cristãos, em primeiro lugar, e de agentes pastorais em relação às pessoas que sofrem rejeição da sociedade e muitas vezes na Igreja?

O Papa Francisco, na exortação apostólica Evangelli Gaudium, nos apresenta uma postura a ser assumida “Saiamos, saiamos para oferecer a todos a vida de Jesus Cristo! Repito aqui para toda a Igreja, aquilo que muitas vezes disse aos sacerdotes e aos leigos de Buenos Aires: prefiro uma Igreja acidentada, ferida e enlameada por ter saído pelas estradas, a uma Igreja enferma pelo fechamento e a comodidade de se agarrar às próprias seguranças. Não quero uma Igreja preocupada com ser o centro, e que acaba presa num emaranhado de obsessões e procedimentos. Se alguma coisa nos deve santamente inquietar e preocupar a nossa consciência é que haja tantos irmãos nossos que vivem sem a força, a luz e a consolação da amizade com Jesus Cristo, sem uma comunidade de fé que os acolha, sem um horizonte de sentido e de vida. Mais do que o temor de falhar, espero que nos mova o medo de nos encerrarmos nas estruturas que nos dão uma falsa proteção, nas normas que nos transformam em juízes implacáveis, nos hábitos em que nos sentimos tranquilos, enquanto lá fora há uma multidão faminta e Jesus repete-nos sem cessar: «Dai-lhes vos mesmos de comer (Mc 6. 37)”.

A solução indicada pelo nosso Santo Padre é esta: sair, ir ao encontro, acolher. A espiritualidade salesiana possui como fundamento a acolhida, Dom Bosco queria que em seus ambientes cada qual se sentisse em casa.

POSTURAS E VÊNIAS

155. O Leitor é confiado ou instituído para um ministério especifico: o de proclamar as leituras da Palavra de Deus nas celebrações, anunciar as intenções da Oração Universal (preces) e, se necessário, animar a comunidade com monições (quando está na função de animador).

156. “A Igreja sempre venerou as divinas Escrituras, como sempre venerou ao próprio corpo do Senhor, já que sem cessar toma da mesa da Palavra de Deus e do Corpo de Cristo o pão da vida e o serve aos filhos. Sempre as teve e tem, juntamente com a Tradição, como suprema regra de sua fé, porque, inspiradas por Deus e consignadas por escrito uma vez para sempre, comunicam imutavelmente a palavra do próprio Deus e fazem ressoar através das palavras dos Profetas e Apóstolos a voz do Espírito Santo. A Palavra de Deus é viva e eficaz (Hb 4,12), poderosa para edificar e repartir a herança entre os santificados (At 20,32: cf. ITS 2.13)”.

157. Para que os fiéis cheguem a adquirir uma estima viva pela Sagrada Escritura através da audição das leituras divinas, é necessário que os leitores que desempenham esse ministério, embora não tenham sido oficialmente instituídos nele, sejam realmente aptos e estejam cuidadosamente preparados. A preparação de um leitor deve ser em primeiro lugar espiritual, que compreende a instrução bíblica e litúrgica, e a preparação técnica.

159. Não basta ler! O leitor deve saber proclamar o texto. Sua leitura proclamada deve atingir a atenção e o coração dos ouvintes. A proclamação é uma leitura que declara a vitória de Cristo, é a expressão da vida que ressuscita pela força de Deus. O leitor deve projetar a sua voz para fora, de forma que fique nítida aos ouvidos da assembleia.

158. Na Liturgia, o leitor não fala em seu próprio nome. É um verdadeiro ministro da Palavra de Deus, é um porta-voz de Deus, um servidor de sua Palavra, que ‘empresta’ a sua voz para que Deus fale com o seu povo.

160. “Por tradição, o ofício de proferir as leituras não é função presidencial, mas ministerial. As leituras sejam, pois, proclamadas pelo leitor (não é recomendável que um leitor proclame várias leituras na mesma missa), o Evangelho seja anunciado pelo diácono ou, na sua ausência, por outro sacerdote. Na falta, porém, do diácono ou de outro sacerdote, o próprio sacerdote presidente leia o Evangelho”.

161. “Na procissão ao altar, faltando o diácono, o leitor pode levar o livro dos Evangelhos – Evangeliário (nunca o Lecionário) – um pouco elevado: neste caso caminha à frente do sacerdote, do contrário (estando presente o diácono), com os demais leitores. Caminham à frente dos Ministros Extraordinários atrás dos coroinhas”.

162. Quando se leva o Evangeliário na Procissão de Entrada, deve-se mantê-lo fechado, e não aberto. Quem transporta o Evangeliário na Procissão de Entrada, ao subir ao presbitério, não se realiza a inclinação profunda nem a genuflexão: o Evangeliário é colocado no centro do altar.

163. Quando o leitor se dirigir ao ambão para proclamar a leitura, ao acessar o presbitério deve realizar a inclinação profunda ao altar, mesmo se no presbitério houver o Sacrário.

164. Os leitores proferem, do ambão, as leituras que precedem o Evangelho.

165. “Na falta de diácono, depois que o sacerdote fez a introdução, o leitor pode proferir do ambão, as intenções da oração universal (isto é, as preces).”

166. “Não convém de modo algum que várias pessoas dividam entre si um único elemento da celebração, por exemplo, a mesma leitura feita por dois, um após o outro, a não ser que se trate da Paixão do Senhor”. Por esta orientação, observa-se, que não podem ser substituídas a proclamação das leituras e do Evangelho por encenações teatrais ou jograis, seja nas celebrações da missa como nas celebrações da Palavra na ausência do presbítero.

167. Os leitores podem utilizar uma veste que corresponda ao seu ministério, esta contudo, não é obrigatória.

SENTIDO DE SER MINISTRO E LEITOR

Para você, o que significa ser leitor ou ministro?

A partir do Batismo, todos nós começamos a participar do ministério de Cristo: sacerdote (que intercede pelo povo), profeta (que testemunha) e rei (participação política e cidadã). Isto vale para todos, leigos e clérigos, portanto, vale para nossos grupos hoje, aqui em Lorena, em 2022.

Os número 897 a 913 do Catecismo da Igreja Católica abordam o ministério leigo na Igreja. No número 903 do CigC encontramos “Se tiverem as qualidades exigidas, os leigos podem ser admitidos de maneira estável aos ministérios de leitores e de acólitos”.

Quanto mais vamos aprofundando nossa vivência de fé, mais sentimos a necessidade de servir, seguindo o ensinamento da Sagrada Escritura “Servi uns aos outros, cada um conforme o dom que recebeu, como bons despenseiros da multiforme graça de Deus” 1 Pd 4, 10. Por isto precisamos entender que nossa participação de ministros da Eucaristia e ministros da Palavra é antes de tudo um SERVIÇO.

Imaginem agora a maravilha que seria uma comunidade onde todos colocassem seus dons a serviço, certamente o fardo se tornaria mais leve e a comunidade caminharia com muito mais facilidade. Porém, enquanto não atingimos este estado de graça, façamos a nossa parte e nos coloquemos sempre à disposição da comunidade e dos irmãos e irmãs.


Para acessar todas as fotos da celebração, acesse o Álbum de Fotos clicando na imagem ou no link abaixo.

Formação para Leitores e Ministros da Eucaristia / Google Photos

https://photos.app.goo.gl/QQ1gY3JNdhBaxZbv9

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