“Em Antioquia, foram os discípulos, pela primeira vez, chamados cristãos” (At 11.26).
Antioquia da Síria foi a cidade mais importante para o Cristianismo, depois de Jerusalém, no início da fé cristã.
Barnabé teve um papel preponderante na vida ministerial do apóstolo Paulo. Primeiro, ele o introduziu na comunidade cristã em Jerusalém, quando ninguém acreditava em sua conversão. Depois, foi buscá-lo em sua cidade natal, Tarso, na Cilícia, para, juntos, ensinarem a Palavra de Deus em Antioquia da Síria.
Durante um ano Paulo e Barnabé ensinaram a Palavra de Deus em Antioquia da Síria. Após este período, os novos convertidos estavam completamente mudados, ao ponto de chamarem a atenção dos moradores locais, os quais os cognominaram de cristãos.
Paulo e Barnabé, após este período de um ano, ensinando a Palavra de Deus em Antioquia da Síria, foram indicados, nominalmente, pelo Espírito Santo, para a obra missionária. Os dois formaram, portanto, a primeira dupla de missionários enviados ao Exterior, os quais, por onde passaram, fundaram diversas igrejas.
Outro centro cristão começa a despontar no horizonte. A situação em Jerusalém tornara-se insuportável, por causa das frequentes perseguições. Os discípulos foram dispersos para a Judéia e Samaria, exceto os apóstolos (At 8.1). Por onde passavam, anunciavam o Senhor Jesus (At 8.4). Outros foram para a Fenícia, a ilha de Chipre e as cidades de Antioquia da Síria e Cirene.
De todas essas localidades, Antioquia da Síria sobressaiu-se, tornando-se o mais importante centro missionário, no primeiro século do Cristianismo.
A EXPANSÃO DA IGREJA
“Caminharam até a Fenícia” (v.19). Os fenícios destacaram-se na História, pela arte náutica. Eram inigualáveis navegadores e peritos mercadores. Fundaram bases em Cartago, Malta, Silícia e Sardenha, como entrepostos para o desenvolvimento do comércio. Eram idolatras. Sua divindade nacional era Baal e adoravam também a Astarote e a Asera (l Rs 11.5; 16.31; 18.19). Eles descendiam de Sidom, filho de Canaã (Gn 10.15,19; Is 23.11,12), e constituíram uma civilização muito antiga (Is 23.7). Só encontramos o nome deste país no Novo Testamento (At 11.19; 15.3; 21.2).
Chipre (v.19). Ilha do Mediterrâneo com cerca de 225 quilômetros de comprimento por 97 de largura, na parte mais larga. Dista 97 quilômetros da costa síria e turca. Seus antigos habitantes descendiam de Caftorim, filho de Mizraim, camita (Gn 10.13,14). Era a terra natal de Barnabé (At 4.36).
Paulo e Barnabé fizeram uma turnê pela ilha, de leste a oeste, de Salamina a Pafos, durante a sua primeira viagem missionária (At 13.4-13).
Antioquia da Síria (v.19) Também conhecida como Antioquia do Orontes, devido o rio em cujas proximidades ela se situava. Não deve ser confundida com a Antioquia da Pisídia (At 13.14). Era uma das dezesseis cidades fundadas por Seleuco I, por volta de 310 a.C. e cujos nomes foram dados em homenagem a seu pai, Antíoco. Era a terceira cidade do império romano. Só perdia em importância para Roma e Alexandria. Foi conquistada por Pompeu, em 64 a.C, e passou a ser a capital da Síria, que se tornou um província romana. Distava 500 quilômetros de Jerusalém e gozava de posição estratégica favorável para as missões, pois localizava-se na divisa entre os dois mundos culturais da época: o grego e semita.
MISSÕES TRANSCULTURAIS
Além das fronteiras culturais. No versículo 19 diz que os discípulos, os quais residiam na ilha de Chipre, na Fenícia e na cidade de Antioquia da Síria, não pregavam para os gentios: “não anunciando a ninguém a palavra senão somente aos judeus”. Isso porque eles ainda não tinham tido conhecimento da visão de Pedro e o resultado da visita à casa de Cornélio, visto que isso só aconteceu após a morte de Estêvão. Entretanto, o versículo 20 afirma que os que procederam de Chipre e Cirene levaram as boas novas aos gregos: “Os quais, entrando em Antioquia, falaram aos gregos, anunciando o Senhor Jesus”. Essa “inovação” não desapontou a Igreja em Jerusalém que, pelo contrário, deu seu total apoio.
Cirene situava no norte da África, entre o Mediterrâneo e o deserto do Saara. Barnabé era cipriota ou chíprio (At 4.36) e Lúcio, um dos doutores da Igreja em Antioquia da Síria, era cireneu (At 13.1).
Surge a Igreja dos gentios. Diz o texto sagrado: “E a mão do Senhor era com eles; e grande número creu e se converteu ao Senhor” (v. 21). A peculiaridade da Antioquia da Síria consistia no fato de os discípulos pregarem para os gentios, os quais de bom grado receberam a mensagem. O número deles agora era considerável. A Igreja crescia e se expandia, pois não estava mais limitada somente aos judeus.
Barnabé em Antioquia da Síria (v.22). A decisão também foi sábia na escolha de Barnabé para ser enviado a Antioquia, pois era um homem de fé, generoso e cheio do Espírito Santo. Outro motivo, era por ser ele “progressista” (no bom sentido da palavra), para o padrão judaico da época. A Igreja na Síria era também formada por gentios. Os apóstolos tinham apenas a experiência de administrar grupos evangélicos, essencialmente constituídos de judeus. Barnabé, porém, possuía a maneira peculiar de lidar com os gregos.
O legalismo destrói a obra de Deus. O legalismo farisaico do judaísmo mais atrapalhava do que ajudava naquelas circunstâncias. O Cristianismo era a religião da liberdade no Espírito Santo e não uma lista de regras (Gl 5.1), como a que os judeus até então vinham experimentando. Era algo vivo, ou seja, o poder de Deus nas vidas transformadas pela obra sobrenatural da terceira Pessoa da Trindade.
CHAMADOS CRISTÃOS
Origem do nome cristão. “Em Antioquia, foram os discípulos, pela primeira vez, chamados cristãos” (11.26). O vocábulo cristão, christianoi em grego ou christianus em latim, aparece apenas três vezes no Novo Testamento (At 11.26; 26.28 e 1 Pe 4.16). A desinência ão (de Cristo+ão=cristão) significa “seguidor de, adepto de”, como no caso de “herodianos” (Mc 3.6) que quer dizer “seguidores de Herodes”.
Os habitantes de Antioquia da Síria entenderam que o vocábulo Cristo fosse um nome próprio (os discípulos se referiam a Jesus como o “Cristo”). Por essa razão, chamaram os discípulos de cristãos. Outros confundiram com Chrestos, nome próprio muito comum entre os gregos, que significa “bom”. Por esse motivo, o historiador romano, Suetônio, faz menção de uma disputa entre judeus e chrestianos, nos dias de Cláudio, que parece haver ligação com At 18.2.
No entanto, na época de Nero, o vocábulo cristão já era um nome muito conhecido, e usado por Tácito, Suetônio, Plínio e pelos pais da Igreja.
O que significa ser cristão, hoje? Hoje, os seguidores de Jesus são conhecidos universalmente como cristãos. Isso é sinônimo de redenção em Cristo. Esse nome ostenta em nossa vida como um estandarte de honra.
A CHAMADA MISSIONÁRIA
A situação de Jerusalém. Barnabé e Saulo ensinaram aos cristãos de origem gentílica, durante um ano (11.26). Na época, houve uma seca devastadora na Palestina, o que ocasionou uma grande fome, e os irmãos em Jerusalém enfrentavam dificuldades financeiras, ocasião em que a Igreja gentia levantou uma oferta, para socorrer os necessitados da Judéia (11.27-30).
Lucas abre um parêntese em sua narrativa, para registrar o que aconteceu nessa época em Jerusalém (Atos 12): O martírio de Tiago, irmão de João, a prisão de Pedro e sua libertação miraculosa, em resposta à oração daqueles irmãos, e a morte de Herodes Agripa I. Em seguida, retorna à história da Igreja em Antioquia da Síria e menciona a primeira viagem missionária de Paulo.
A Igreja em Antioquia. Muitos haviam se convertido e o Cristianismo havia conquistado pessoas ilustres da sociedade: “Na igreja que estava em Antioquia havia alguns profetas e doutores, a saber: Barnabé, e Simeão, chamado Niger, e Lúcio, cireneu, e Manaém, que fora criado com Herodes, o tetrarca, e Saulo” (13.1).
Dos nomes acima mencionados, dois foram escolhidos para a obra missionária: Barnabé e Saulo. O interessante é que o Espírito Santo escolhe o melhor para as missões. A Igreja em Antioquia da Síria certamente sentiu falta dos serviços que eles lhe prestavam, mas, no entanto, os enviou. Certamente, contava com o trabalho deles ainda por muito tempo. Porém, os caminhos de Deus nãos são os nossos e muito menos os seus pensamentos (Is 55.8, 9).
A obra missionária precisa, em primeiro lugar, da aprovação divina, mediante nossa consagração e dedicação total à pregação do Evangelho. A prova disso, encontramos no crescimento da Igreja em seu nascedouro. Os discípulos não possuíam os recursos que desfrutamos na atualidade e evangelizaram o mundo em apenas 60 anos.
Se utilizarmos todos os recursos, dos quais dispomos na atualidade, com certeza, realizaremos uma obra missionária de maior envergadura do que a estabelecida pelos primeiros discípulos. Basta orarmos e consagrarmos as nossas vidas para este fim, pois a aprovação de Deus já está consignada desde a ordem de Jesus em Mt 28.19,20.