Queridos irmãos, celebramos hoje, no silêncio e na escuridão que envolvia toda a terra, a paixão e a morte do Senhor. Nela podemos sentir, muito proximamente de nós, o infinito amor de Deus pela humanidade desprovida de amor, no sentido mais original que este tem.
A humanidade de outrora é também a mesma, com seus limites e com suas virtudes, de hoje. Deus continua salvando, agindo na história e na vida de seu povo. Celebrar a paixão e morte de Jesus é celebrar também sua entrega obediente até as últimas consequências. Certamente, o filho de Deus não veio para morrer, esta foi consequência do anuncio do reino e de denuncias ao sistema político, econômico e religioso que, amparados na lei de Deus, em nada reproduziam suas atitudes de amor e de liberdade. Jesus é profeta de Deus, com todas as suas prerrogativas: de anunciar e denunciar. A morte de Jesus foi consequência de sua coerência de vida. É inaceitável que o filho de Deus passasse ao largo de nossas dores, de nossa história. Os mistérios da encarnação e da morte, neste sentido, se encontram, pois se Jesus não fica indiferente às dores de seu povo é porque é um Deus encarnado, O Emanuel – Deus conosco.
O madeiro da cruz é sinal de perene redenção, pois foi sob qual, o verbo encarnado, se entregou-se a si mesmo, por inteiro. Se no antigo testamente a cruz foi causa de pecado e de morte, no novo testamento, em Jesus, a árvore da cruz, tornou-se o “lenho da salvação”, sob o qual a humanidade assistiu a maior prova de amor que algum outro homem poderia dar. Jesus não foi o único a morrer na cruz. Era comum entre os romanos matar os seus prisioneiros na cruz, afim de que servisse de exemplo suas mortes. Jesus, contudo, inocente, morre pelos pecadores. Carrega sobre si nossas culpas. Santo, fez-se pecador por nós; Deus, fez-se homem por nós. Ambas as realidades dizem do amor de Deus, se sua insondável capacidade de amar àqueles que não o amam, que o maltratam.
Que a liturgia deste dia nos ajude a rezar, a interiorizar os mistérios da paixão e morte de Cristo, despertando-nos assim, para o raiar de um novo dia, de uma nova oportunidade de configuração à Cristo, para a ressurreição.
Leandro Francisco da Silva, SDB
Pós-noviço salesiano
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