Terça-feira da 3ª semana da Páscoa – Santo Atanásio, bispo e doutor da Igreja
Evangelho (Jo 6, 30-35)
Eles perguntaram: «Que sinais realizas para que possamos ver e acreditar em ti? Que obras fazes? Nossos pais comeram o maná no deserto, como está escrito: ‘Deu-lhes a comer o pão do céu’”.
Jesus respondeu: «Em verdade, em verdade, vos digo: não foi Moisés quem vos deu o pão do céu. É meu Pai quem vos dá o verdadeiro pão do céu. Pois o pão de Deus é aquele que desce do céu e dá vida ao mundo». Eles então pediram: «Senhor, dá-nos sempre desse pão! ». Jesus lhes disse: «Eu sou o pão da vida. Quem vem a mim não terá mais fome, e quem crê em mim nunca mais terá sede».
Reflexão
Queridos irmãos,
A liturgia da Palavra desta terça-feira da 3ª semana da Páscoa, segundo João, nos coloca na perspectiva bíblica do sinal, característica do Evangelho de João. “Que sinal realizas, para que possamos ver e crer em ti? ”, pergunta a multidão do povo.
A atitude desta multidão do povo é muitas vezes percebida nas nossas mesmas atitudes. Como a multidão, também nós, muitas vezes buscamos o sagrado e a religião como maneira de convencimento da fé. Usamos da religião como um lugar de experiências subjetivas, vazias de sentido, na maioria das vezes. Choro, quedas, gritos, arrepios, etc. são sinais atuais de uma fé ainda desprovida de real sentido. Fica-se na aparência dos sentidos. Vivemos num império do subjetivismo e do sentido. É preciso ver e sentir para crer. Pregar uma religião como esta, é adorar outro deus, é pôr Deus num outro lugar, que não o seu. É absolutizar, também no interior da igreja, um império do sujeito.
É preciso ir contra as correntes. É preciso pregar um Deus encarnado. Revelado, mas não, “possuído” pelos homens. Conhecer a inteireza de Deus é dominá-lo, é tê-lo entre os dedos. Esse poder a nenhum homem foi dado, a não ser ao filho de Deus. É preciso crer sem ver. É preciso crer, a partir da luz da razão, mas sem ter a pretensão de saber tudo, de possuir a Deus. Deus ao mesmo tempo que se revela se “esconde”, afim de que o homem sempre O busque. A busca de Deus é um intento de uma vida inteira.
Que Jesus nos ajude a busca-Lo sempre, no partir do pão, um pão que, diferente dos outros pães, dados pelos homens, este sacia eternamente. Que Deus nos ajude a persistir este caminho de conhecimento, sem jamais ter a pretensão de dominá-Lo. Que possamos, com a graça de Deus, que age em nós, buscar superar em nós e nos outros, a atitude demasiada humana, de ficar no sinal. O sinal, na teologia bíblica de João, nos remete a algo maior. Que os sinais de Deus que vemos no mundo. Os vermes de Deus, presentes no mundo, nos conduza à Ele. Para que um dia, com Ele, nos vejamos face a face, com Deus, criador e redentor do gênero humano.
Leandro Francisco da Silva, SDB
Pós-noviço salesiano
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