Sexta-feira da 3ª semana da Páscoa
Evangelho (Jo 6, 52-59)
Os judeus discutiam entre si: «Como é que ele pode dar a sua carne a comer? ». Jesus disse: «Em verdade, em verdade, vos digo: se não comerdes a carne do Filho do Homem e não beberdes o seu sangue, não tereis a vida em vós. Quem consome a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna, e eu o ressuscitarei no último dia. Pois minha carne é verdadeira comida e meu sangue é verdadeira bebida. Quem consome a minha carne e bebe o meu sangue permanece em mim, e eu nele. Como o Pai, que vive, me enviou, e eu vivo por meio do Pai, assim aquele que me consome viverá por meio de mim. Este é o pão que desceu do céu. Não é como aquele que os vossos pais comeram — e, no entanto, morreram. Quem consome este pão viverá para sempre». Jesus falou estas coisas ensinando na sinagoga, em Cafarnaum.
Reflexão
Queridos irmãos, louvado seja nosso Senhor Jesus Cristo,
A liturgia da Palavra, segundo João, desta sexta-feira da 3ª semana do tempo pascal, nos convida a ir além das aparências do pão e do vinho. É preciso entender o mistério a partir de dentro.
Na missa, sempre após a consagração, dizemos eis o mistério da fé, após consagrar o pão e o vinho, proclamamos o grandioso mistério que se dá, independente do padre ou do bispo presidente da celebração. Justamente por não poder se “possuído” pelo homem e por caracterizar-se como mistério, é impossível compreende-lo, na sua inteireza. Diante do mistério é preciso calar. É preciso silenciar a voz e o coração.
Muitos, grandiosos e importantes, para a consolidação de uma fé convicta e consciente, são os tratados sobre a Eucaristia, por exemplo. Contudo, nenhum deles esgota o tema. É mistério da fé. A razão humana é importante, pois, igualmente criada por Deus, a fé, neste mesmo sentido, é importante, pois dá limite a razão, ao homem que, racionalmente e intrínseco a sua condição, busca conhecer a Deus.
É preciso, diferente dos judeus, uma atitude de interioridade e de reverencia ao mistério. É preciso uma fé firme no mistério de Jesus. De fato, humanamente é difícil conceber a ideia de um pão tornar-se carne e o vinho tornar-se sangue. Por isso é mistério. A Eucaristia, não foi feita para que a compreendêssemos, e sim, para que a adorássemos. Para que sintamos, através da Eucaristia, a presença real e redentora de Jesus no meio de nós.
Quando entendermos o seu sentido originário, deixaremos nossa demasiada humana pretensão de conhecer cientificamente todas as coisas, tendo este valor, somente quando comprovadas pela ciência empírica e matemática, inclusive os mistérios da fé. Peçamos a Jesus, neste tempo da páscoa, a graça de compreender, na Eucaristia, seu amor e sua entrega, pedindo de nós o mesmo gesto para com os irmãos, Eis o real e mais originário sentido que precisamos conhecer e aprofundar. Ser no mundo sinal do amor de Deus que, em Jesus se despoja totalmente, por amor de todos nós.
Leandro Francisco da Silva, SDB
Pós-noviço salesiano
E-mail- leandrofsdb@yahoo.com.br